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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Saudade de Meu Pequerrucho

Lembrei-me de uma estória de que um amigo meu me contou e eu não poderia deixar de registrar aqui. A alguns anos atrás eu o encontrei um tanto quanto deprimido. Perguntei o que havia acontecido e ele me disse que havia já muito tempo que ele não via mais o seu Pequerrucho. Fiquei atônito no começo, perguntando-me: “Como é que pôde ter acontecido isso com meu amigo?” “Ele sempre conviveu durante toda a sua vida com o pequeno, e, agora vêm me dizendo que está com saudade do seu Pequerrucho?”

Fiquei pensando por frações de segundos tentando imaginar o que poderia ter acontecido. Foi então que ele resolveu desabafar comigo:

“Minha vida tem sido muito difícil sem a convivência com o meu Pequerrucho. Convivemos desde o dia em que eu o levei para a minha casa. Conheci-o ainda muito novinho. Levei-o comigo e logo tratei de cuidar dele. Eu sabia de que ele precisaria de toda a minha atenção. Logo nas primeiras horas, comecei a providenciar as suas primeiras necessidades que um ser “novinho em folha” necessita. A primeira coisa que providenciei foi uma boa alimentação, pois dava a impressão de que ninguém havia feito isso antes. E foi impressionante! Ele parecia carente de alimentação e ficou totalmente satisfeito, logo na primeira vez. Foi aí que comecei a me dedicar intensamente com os cuidados ao Pequerrucho.

Ele estava bem magrinho, mas logo nas primeiras semanas já dava pra notar a diferença desde que ele pisou em casa pela primeira vez. Já era notória a diferença. Já estava mais corado, animado e aos poucos ia dando a impressão de que, o seu estado doentio estava desanuviando-se lentamente. Aos poucos foi ganhando confiança, peso, alegria, etc.... E nós dois, mesmo que, recentemente havíamos nos conhecidos, juntos decidimos que seríamos inseparáveis. Eu sempre falava mais do que ele, mas ele sempre estava à disposição para me dar a todas as respostas que eu necessitava. Começamos a nos entender até chegar ao ponto de sermos praticamente dependentes um do outro. Eu ia trabalhar todos os dias e o Pequerrucho ficava em casa. Apesar de não estar na escola, ele ficava quietinho em casa e fazia todas as pequenas tarefas que eu designava para ele sem reclamar. E quando eu chegava à noite em casa, lá estava ele a minha espera. Ele “sorria” pra mim com a doçura de um olhar eternamente apaixonado, e eu retribuía em dobro. Como eu não tinha esposa e morava sozinho, dediquei-me enlouquecidamente ao Pequerrucho.

Mas agora ele não está mais comigo!

Não consigo imaginar como pudemos ter nos separado assim, do nada!

A saudade é intensa. Às vezes eu chego até a chorar às escondidas com saudades daquele “Bandido”. Por que nas horas que eu mais precisei, assim como eu preciso agora, o meu Pequerrucho não está aqui comigo?

Eu levava-o para passear comigo nas festas, nas casas dos meus amigos e amigas. Todos gostavam dele. Ele era o centro das atenções. Não havia nenhuma pessoa que não olhasse para o meu Pequerrucho e não elogiasse aquele ordinário. Não sei nem porque estou xingando meu Pequerrucho, mas é que, a saudade aperta em meu peito e eu não consigo conter-me de tantas emoções. A saudade é algo que comove as pessoas e eu, que tenho esta mania de chorar por quase nada, não consigo ficar por muito tempo sem lembrar do meu “ex-companheirinho”.

Na hora do café da tarde ficávamos na varanda vendo o entardecer e as folhas das árvores como dois amigos inseparáveis até o anoitecer. E essa parceria e cumplicidade sempre foi o nosso maior entusiasmo para juntos pensarmos em tudo o que faríamos em cada dia que passava. Na medida em que o tempo passava, o meu Pequerrucho de que, pequeno ele não tinha nada, pois já havia crescido bastante que nem dava para eu chamá-lo assim; Mas na vida a gente sabe como é. Os apelidos são adotados desde pequeninos e com o meu Pequerrucho não poderia deixar de ser diferente. Este apelido foi escolhido desde o primeiro minuto em que nos vimos pela primeira vez. Já tinha passado mais de oito anos, e, o Pequerrucho estava cada vez maior. Um grandão para sua idade. Se fosse criança, tudo bem, ainda seria um garotinho, mas o Pequerrucho não. Nada se comparava ao seu tamanho, sua capacidade e desempenho, se fosse comparado com o desempenho dos outros. Era de dar orgulho e até uma “certa inveja” nos outros. Mas o meu Pequerrucho era assim. Excêntrico sim, mas, polêmico não. O Pequerrucho era o maioral entre os que se pareciam, ou tentavam se parecer com ele.

Mas agora ele sumiu!

Pequerrucho? Onde está você?

Não me deixe só!

É difícil viver sem o Pequerrucho. É foda! Desculpe-medizia meu amigo já aos prantosmas, eu não consigo viver sem o meu Pequerrucho!”

Depois de horas ouvindo aquele desabafo eu também não consegui me conter e jorrei lágrimas de angústia. Que situação fica um ser humano quando se apega ao sentimento mais nobre. E olha que eu não consegui nem transmitir nem a metade dos sentimentos que o meu amigo estava passando.

Ele se foi e não teve ninguém na vida daquele pobre homem que pudesse suprir a ausência do seu Pequerrucho.

Passado muitos anos (praticamente treze anos) após este episódio, nem eu vi mais o dono do Pequerrucho. A única informação que tive é de que; quem cuida do Pequerrucho hoje em dia - pois ele provavelmente ainda deve estar vivo - não está dando a mínima atenção para o Pequerrucho que deve estar no mesmo estado doentio, quando foi encontrado e adotado pelo meu amigo.

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