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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Michael Jackson Lifetime

Grande mito. Ícone legendário. Mais uma perda neste mundo. Para alguns, um artista polêmico, para outros um artista excêntrico. Mas afinal de contas quem é Michael Jackson? A resposta é muito simples: Michael Jackson é Michael Jackson. E pronto. Porquê, só quando as pessoas morrem elas viram mitos ou lendas? Foi por isso que publiquei dois pensamentos logo abaixo que coincidem com vários outros mitos e lendas que já se foram. Os nossos grandes heróis despedem-se do mundo assim. Sem deixar vestígios. Apenas mistérios e saudades. Onde você estiver Michael, saiba que existem uma legião incalculável de fãs e admiradores seus. A vaga que você pegou nesta cauda do cometa estava reservada para você. Obrigado pelos seus ensinamentos e sua arte que não serão esquecidos tão fácilmente.

A Fama

"A fama é para os homem, como os cabelos. Crescem após a morte quando já lhe é de pouca serventia".
Albert Einstein

Túmulo

"O Homem necessita recorrer à beleza que a arte lhe proprociona, para suavizar o atroz sentimento que a morte lhe inspira".
Albert Einstein

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Vantagem de Repetir a 5ª Série

Pode parecer estranho, mas é impressionante. Existe uma grande vantagem em repetir a 5º série do ginásio. Sem bem que de uns tempos pra cá ficou confuso. Se você pegar o Boletim escolar ou o trabalho de seu filho você vai ver no cabeçalho: 5ª série - 4º ano, ou então, 6ª série - 5º ano. Ficou uma bagunça. Principalmente na cabeça das crianças. Assistindo uma notícia na TV a cabo fiquei surpreso ao saber que na Universidade de Deakin de Melbourne, na Austrália, o Dr. John Thunder Warredeth, um grande pesquisador que estuda dentre outras coisas: "O papel da bactéria Helicobacter Pylori", "A descoberta recente de 13 novos tipos de Répteis, "Algumas anomalias causadas sobre doenças venéreas" (que não convém citar aqui), "A importância do desenvolvimento da vacina com plantas para estender o uso de sua controversa de Gardasil aos meninos e aos homens novos" quando publicou uma pequena nota deste assunto. Ele afirma: "Alunos que repetem no início do ginásio terão a tendência de serem pessoas bem sucedidas na fase adulta, pois estarão propensas a evitar grandes erros e a tomar decisões que lhe trarão sucesso, isto por que é melhor erra na...".

Quando ele ia concluir sua entrevista na TV para explicar sobre a sua recente pesquisa a emissora teve um problema técnico e ficou fora do ar por alguns minutos. A programação transmitida mundialmente teve uma repercussão intensa, sobre a curiosidade desta pesquisa que o cientista revelaria sobre a sua tese, pois era algo ainda que não havia sido discutido no mundo da ciência.

Nas terras da Lei de Gerson, houve um alvoroço danado ao saber que isso seria benéfico para que as crianças pudessem obter êxito na fase adulta e foram tantas estranhas decisões tomadas, pois o povo acreditava que esta tese poderia dar um rumo novo para as gerações futuras.

Em Salvador e em todos os municípios houve um caos nos primeiros meses, pois as maiorias esmagadoras dos pré-adolescentes, de imediato assimilaram a idéia, mudando o seu comportamento e com a anuência integral dos seus pais. Uma comissão de Pais e Mestres em todo o estado decidiu por unanimidade que seus filhos freqüentariam a escola no máximo duas vezes por mês. Repetir o ano era um privilégio. Um projeto de lei foi apresentado na Assembléia Legislativa e aprovado. Agora todo mundo deveria seguir esta nova lei para garantir um futuro melhor. Os paulistanos um pouco mais organizados seguiram o mesmo modelo estabelecido nos rodízios para controlarem a porcentagem de faltas escolares, para assegurar que seus alunos pudessem repetir a 5ª série. No Rio não foi preciso muito esforço, pois as estatísticas apontavam que mais de 35% dos alunos não chegariam a 5ª série para dedicarem-se a outras atividades segundo os seus próprios interesses. O difícil foi conseguir organizar a outra parcela de alunos que restavam para forçá-los a repetir o ano conforme haviam aprendido no noticiário. Em Minas Gerais, as garotas tiveram mais problemas em relação aos meninos. Houve um protesto onde chegou a ocorrer até passeata organizada pelo sindicato da secretaria de ensino, pois os garotos tinham menos regalias em relação às meninas na falta ou evasão escolar. O motivo, embora seja vulgar, foi questionado pelos organizadores pela diferença na puberdade das crianças desta faixa etária.

Em todo o país houve manifestações, protestos, rodízios, escalonamento, enfim; em todas as regiões foi adotado à sua maneira para que todos pudessem se organizar projetando e acreditando que; a tese do cientista, mesmo não tendo sido concluída valeria a pena qualquer sacrifício para assegurar o “amanhã” diferente e promissor.

Na França, em Portugal, na Holanda, em todo o continente Africano e pelo resto do mundo houveram maneiras de se fazer adaptações para esta “nova onda” que alterou o currículo escolar das crianças.

Em conseqüência disso, crianças do mundo todo não sabiam mais qual seria o seu próprio nível intelectual. Por exemplo: Depois de ter repetido pela sexta vez a quinta série um aluno de Lisboa chamado Joaquim Ernesto Coimbra Tosqui, fez uma aposta para alcançar o recorde mundial de um aluno que repetiu dezoito vezes a 5ª série sem o conhecimento específico da gramática da Língua Portuguesa e a tabuada do nove completa.

Eu outros países, como o Japão, Suécia, Dinamarca, Escócia, Finlândia, EUA, dentre outros, simplesmente ignoraram esta informação. Na China e na Índia ficou proibido por decreto de que esta idiotice fosse colocada em prática. E em poucos anos todo mundo percebeu que isto não fazia sentido, e resolveram simplesmente abandonar esta idéia.

Passados mais alguns anos o Cientista Dr. John Thunder Warredeth, foi encontrado, morando na Malásia, pois sua teoria havia causado um caos de nível internacional, e ele sentia-se culpado por não ter tido oportunidade de explicar-se em público. Um repórter da Tailândia que tinha um programa sensacionalista na TV, deu uma oportunidade para que ele pudesse desfazer deste mal entendido. Foi nesta única oportunidade e última aparição em público que ele teve a oportunidade de esclarecer o que havia concluído em sua tese:

"O que eu queria dizer é que: Na fase final da infância é melhor que isso ocorra, ou seja, se o aluno repetir a 5ª série não haverá grandes problemas estruturais em sua vida, pois esta nova experiência em que se submete o aluno, aumentando o número de matérias e tendo que adaptar-se a ter um professor para cada disciplina é noprmal que ele torne-se confuso e isto faz com que ele se, não conseguir organizar-se e acostumar-se com esta mudança na sua vida escolar, caso ele perca o controle e repita de ano, causará menos prejuízo se isto ocorrer na fase adulta, quando ele terá muito mais responsabilidades como trabalhar para pagar contas, cuidar da esposa, dos filhos, pagar o aluguel, o IPVA, o IPTU, o mercado, a água, a luz, aguentar o chefe, ter que arranjar tempo para fazer exercício, jogar futebol, ir às festas, reuniões na empresa, na escola dos filhos (se houver tempo), participar das festas das escolas, levar o filho na escola, colocar o lixo na rua, apagar todas as luzes antes de dormir, levar seu filho(a) ao médico quando ele tiver uma febre ou tiver que tomar vacina, ter que aguentar aquele cunhado que causa problemas e sempre dá trabalho para sua família ou de seu ou sua companheira(o), renegociar dívidas, ter que arranjar um novo emprego ao ser despedido, ainda mais quando a pessoa é traída por um próprio colega da sessão, que "puxa o seu tapete" para ser promovido; levantar cedo num dia de chuva, sem a opção poder escolher se deseja trabalhar ou não, levar a mãe ou a sogra(o) no médico devido a idade dele(a), enfim um monte de coisas acontece na fase adulta, pois se comparado ao fato de um aluno repetir de ano enquanto criança, para mim é muito mais vantagem que isso ocorra, pois é mais fácil e dá tempo de corrigir, enquanto a criança é nova tendo este pequeno problema, do que atrapalhar-se e organizar-se com uma responsabilidade extremamente maior em sua fase adulta".

"Era isso que eu queria dizer..."

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Testemunho da Composta

Antes do acidente eu vendia computadores e fazia poemas. Às vezes ia compondo meus versos e poesias sempre ao entardecer ou nos finais de semana. Cheguei até a escrever poesias inteiras dentro do ônibus pela manhã quando ia trabalhar. Distraí-me atravessando a rua e fui atropelado pelo luxuoso carro de um senhor chamado Nicanor.

“Um dia, quando tiver dinheiro,
conquistarei o seu amor
Passarei na Rua Vergueiro
e ...”

E. E o quê? Não sei. Não me lembro. Só sei que ao acordar eu estava num leito de um hospital muitos dias depois daquele acidente. Abri meus olhos e me deparei com o Sr. Nicanor me olhando desolado. Sem me lembrar direito do que havia acontecido percebi que algo havia mudado. Sem que eu dissesse uma só palavra o Sr. Nicanor, como que numa forma de telepatia fazia gestos com a cabeça dizendo que sim. Foi o pior choque que tive na vida. Aquele acidente fez com que eu quebrasse minhas duas pernas, correndo o risco de amputá-las. Mas, o Sr. Nicanor triste, com peso na consciência; logo que tive alta; levou-me para sua casa para morar com ele. (Seria remorso? Ou medo de se complicar? – pensei, mas não tive escolha.).
Éramos nós dois em seu casarão fora os seus empregados. Sem muito que fazer ele passou a cuidar de mim, disponibilizando uma equipe médica completa num rigoroso acompanhamento, num dos maiores quartos da mansão, que ele desocupou para me acolher no tratamento.
Ele era um grande empresário. Viúvo. Sem filhos e depois do acidente chegava bem mais cedo do trabalho para saber sobre minha recuperação, e durante longas horas, conversávamos intensamente, sobre todos os tipos de assunto: novelas, futebol, notícias, etc. Eu sabia que ele queria fazer de tudo para me agradar, pois desconfiava que eu fluísse corrente de ódio e de hostilidade reprimida.
Em compensação a cozinheira sempre me trazia ótimos lanches e refeições. Conversava pouco, mas num dos dias que me trouxe comida ela fez um comentário:

“O “seu” Nicanor é muito bom! Se não fosse ele nenhum de nós e nem a sua família teria condições de viver. Ele é muito generoso. Desde que eu vim do Nordeste a quinze anos atrás, nunca mais passei dificuldades quando o patrão me contratou. Você vai sair desta porque ele vai te ajudar. Ele é um Deus aqui na terra pra muita gente!”

Todos os dias eram assim. Eu notava em sua expressão facial uma mistura de preocupação, cansaço e enfraquecimento. De repente numa das tardes em que conversávamos depois de ter passado mais de quatro meses que eu estava deitado naquela mesma cama, sem sinais de melhora, o Sr. Nicanor teve um derrame e mesmo tendo sido socorrido pelos médicos que não saiam do meu quarto, não houve como poder evitar; e com um desconhecido e agravante diagnóstico, ele perdeu a fala. Ficou completamente sem voz.
Coisa triste. Agora estamos aqui, no mesmo quarto, um ao lado do outro, em silêncio.
Bateram na porta e eu disse: “Entra doutor”. Era o doutor de óculos. Melancólico pelo estado de nós dois, mas muito eficiente. Ele vinha todos os dias, e até duas vezes por dia se necessário. Eu observava tudo em silêncio, pois o Sr. Nicanor não falava mais, só gaguejava. Lembrei-me dos meu versos. Mentalmente fiz um de improviso:

“A medicina é um sacerdócio,
não conhece pausa nem ócio”.

Antes do derrame, o Sr. Nicanor fazia questão de que o médico me examinasse com rigor. Falava comigo apreensivo, se porventura eu tivesse que sofrer uma amputação ou sobre a possibilidade de um implante de pernas, próteses artificiais, etc.
Ele era dedicado. Não seria sua culpa, caso eu ficasse inválido. Agora; por causa dele, o mesmo doutor acompanha os dois casos. Só que comigo era bem rápido. O médico me dizia:
- Como vai? Bem? Ótimo, rapaz. Até logo.
O negócio é com o Sr. Nicanor:
- Vai melhorando, Sr. Nicanor? Está sentindo dores? E os remédios estão reagindo? Vamos medir os batimentos cardíacos? Depois mediremos sua pressão. Hoje vou falar para você sobre o resultado dos seus últimos exames...
Sr. Nicanor esforçava-se para responder. Seu rosto ficava vermelho. Suas veias do pescoço se dilataram. E finalmente:

-Gá-gá-gá-gá ...

Isto era a resposta dele. O doutor produzia um sorriso:
- Muito bem! “Está falando!”.

Depois de examiná-lo demoradamente, o Sr. Nicanor olha para mim. É assim que conversamos agora. No seu olhar ele tenta me dizer:
- “Viu! O doutor disse que estou melhorando!”
E eu respondo telepaticamente:
- “Mentira!”

A diferença no atendimento entre nós dois era bastante desigual. Como o infortúnio nos nivelou, pensei em mais um verso:

“Não há mais opressor
não há mais oprimido
Eu e o Sr. Nicanor
Estamos “no comprimido””.

Entra uma loira no quarto. Era Marília, sua sobrinha, perguntando:

- Então, Doutor? Como ele está?
- Nem bem, nem mal.
- Ele está melhor?
- Nem melhor, nem pior.
- E o coração?
- Assim, assado... Ele não está mais tolerando a “Composta”...

“Composta” era o nome do coquetel de injeções que ele tomava para o coração. Os comprimidos ele nem conseguia mais tomar, porque engasgava e não estavam mais fazendo efeito e também eram considerados fracos para o tratamento.

Ela puxou o doutor para o canto do quarto e perguntou:
- Quanto tempo ainda, doutor?
Ele suspira e disse em voz baixa:
- Pode ser uma semana, um mês, um ano...
Ela fica com a expressão do seu rosto bastante depressiva.
- Às vezes, doutor fico pensando... Todo este esforço, este sofrimento... Não seria melhor parar com os remédios de uma vez para o pobre do meu tio parar de sofrer?

Atentamente eu e o Nicanor escutávamos a conversa que estava num tom bem baixinho, mas dava pra ouvir. Fiquei enfurecido pensando: “Deixem o velhinho viver! Vocês só estão esperando ele morrer para me chutarem daqui! E eu como fico?”
Desanuviei e continuei:
“Que seja uma semana, um mês ou um ano, mas deixem a natureza completar o seu trabalho. Ela é sábia e sabe o que faz!”

Foi o que eu pensei na hora. Pensei, mas não podia dizer...

A sobrinha continuava:
- Isso é vida? É realmente vida? Uma alface tem mais vida que o meu tio, doutor!
- Mas... Minha jovem... – o médico ficou embaraçado.

Marilia inclina-se para frente e deixa aparecer seus belos seios. Notei logo - estou enfermo, mas, não estou inválido!

A expressão do rosto dela muda e a voz também, enchendo-se de ternura:

- Doutor, pense nas criancinhas. Milhares de criancinhas passando fome por aí. Já pensou quantas poderiam ser alimentadas com a fortuna que estamos gastando com o meu tio? Ele que está mais pra lá do que pra cá, cujo coração nem tolera mais a Composta?
Olhei para Nicanor e tive piedade. E por ela também. Parecia sincera. E um poeta não pode deixar de comover-se diante daquele altruísmo impotente:

“Aquela moça linda
passava por um sofrimento
não fazer a caridade
era o seu maior tormento.

E, no entanto pouco faltava
Para satisfazer sua intenção
Para o seu tio, melhor ficava
Se já estivesse no caixão”.

O médico despede-se sem poder o que fazer. A moça fica mais um pouco e logo depois sai.

“A moça vai
a noite cai;
é mais um dia que se vai...”

Na tarde seguinte quando o médico estava examinando Nicanor, entra Alfredo, seu cunhado e gerente de uma de suas fábricas.

- Então, Doutor? Como ele está?
- Nem bem, nem mal.
- Ele está melhor?
- Nem melhor, nem pior.
- E o coração?
- Assim, assado... Ele não está mais tolerando a Composta...

Alfredo sentou-se. Torceu com suas luvas nas mãos. Quis perguntar alguma coisa, mas teve um pouco de cautela. Hesitou. Por fim levanta-se e puxa o médico para um canto:

- Quanto tempo ainda, doutor?
Ele suspira e disse em voz baixa:
- Pode ser uma semana, um mês, um ano...
- UM ANO???
Alfredo bate nervosamente com as luvas na mão.

Afasta-se momentaneamente e vai até a janela. De lá mesmo, fala em voz baixa e sem expressão:
- Vou lhe dizer uma coisa, doutor. Acho que pouca gente ficaria triste com a morte dele.
- Como? – O médico fica indignado. - E os familiares? E os empregados de suas fábricas, para quem ele foi verdadeiramente um pai?
- PAI??? – ironicamente ri Alfredo – O senhor não sabe! Um carrasco, isto sim! Isto sim ele tem sido. Pagava baixos salários. Falava mal dos empregados. Punia todos a torta e a direita!

Nicanor, ouvia tudo atentamente e nem piscava.
Agora eram dos meus olhos que saiam lágrimas. Com o coração aflito compus:

“Não posso ver essa cena
As lágrimas saem em jorro
Como pode um doente
Ser tratado como um cachorro!”

O doutor, atônito, nem responde e sai.

“Alfredo sai
a noite cai;
é mais um dia que se vai...”

No outro dia à tarde, entra Maria, irmã do doente. Com as mesmas perguntas de sempre: “- Então, Doutor? Como ele está? - Nem bem, nem mal...”


Maria puxa o doutor para um canto e já vai direto ao assunto:
- Se a gente herdasse logo, doutor... Tenho um filho que vai cursar a Faculdade...

Justamente neste momento entra um jovem rapaz, cumprimenta o médico, intera-se do assunto e rouba as palavras da mãe:
- Minha mãe tem razão, doutor. Meu sonho é entrar na Faculdade de Medicina. Sou órfão de pai. Preciso de dinheiro para o cursinho, para os livros. Ajude-me, doutor! É no seu modelo que eu me inspiro e pretendo ser. Seja solidário com um futuro “colega” de profissão!

O médico fica horrorizado com a família e grita:
- FORA!!!
- Fora, seus abutres! Está faltando um pouco de amor em quase todos vocês!

O médico pegou sua malinha e saiu. Logo em seguida saíram os dois.

“Não, posso acreditar!” – disse-me Nicanor com os olhos.

Parecendo adivinhar o que Nicanor pensava, eu disse em voz tenra:
- Ora, Nicanor. Estão nervosos. Mas no fundo querem o teu bem.
“Será?” – seus olhos perguntaram-me.
“Vai ser!” – responderam meus olhos.

A enfermeira chega (eram duas: uma para o dia e outra para o plantão noturno) e começa a preparar a injeção da Composta. Logo em seguida, entra a sobrinha com os olhos cheios de lágrimas:

- Querido tio, estou arrependida! Que posso fazer por ti?
- Pode deixar, enfermeira – grita a sobrinha - que eu mesma vou aplicar a injeção no meu tio.
- Isso é trabalho meu – diz a enfermeira, secamente – Sai do meu caminho, faz favor.
Marília toma-lhe a seringa. Descontrolada e muito nervosa ela replica:

- Mulher estúpida! Bruxa! Não admito que meu tio neste estado tão doente, seja tratado por megeras desqualificadas como você. Ponha-se pra fora imediatamente!

A enfermeira sai ofendida revidando com palavrões e promete vingar-se e processar a família por danos morais, calúnias e difamações.
Marília aplica a injeção no tio, ajeita-lhe as cobertas, despede-se com um beijo na testa e vai embora.

Pouco tempo depois entra Alfredo:
- Estou arrependido, meu querido cunhado!
Arrependido e revoltado, pois havia encontrado a enfermeira no portão dizendo: “Ainda bem que não preciso mais aplicar injeção naquele velho, não faço mais nada...”. Alfredo estava indignado.
- Aquela enfermeira cretina não cuidava do senhor! Agora as coisas vão mudar. Eu mesmo cuidarei de tudo, até das injeções, assim como faço em uma de suas fábricas.
Pega uma seringa esterilizada e prepara a injeção da Composta.

- Gá, gá, gá, gá... – Nicanor apavorado tenta tirar o braço do cunhado.

- Prefere nas nádegas. Coitado! Deve estar com os braços arrebentados das injeções aplicadas por aquela enfermeira cretina.

Eu tento intervir:
- É que... – digo, timidamente.
- Cala a boca parasita! – berra Alfredo. – Contigo vou ajustar as contas depois.
Fiquei calado e vi Alfredo aplicando a injeção e sair.

Em silêncio vi Maria chegar. Ela morava em frente à janela do quarto. Entrou dizendo:
- Eu vi tudo, irmão! Da minha janela vi a enfermeira te espancando. Aquela ordinária! Pode deixar que eu vou te ajudar.
Aplica a injeção e sai. Logo em seguida entra o “futuro médico”, que andava seguindo a enfermeira. Pra ele, ela era gostosinha.

- Querido tio! Soube que a enfermeira não lhe aplicou a injeção e, além disso, não vai mais trabalhar aqui. Não se preocupe. Ela era incompetente. Além disso, frígida. Quem vai cuidar do senhor agora sou eu. O senhor vai ver como eu tenho prática.
E tinha mesmo. Em um minuto aplicou a injeção e saiu.

Chegou a enfermeira da noite e viu que na prancheta de anotações dos medicamentos não havia sido registrada nenhuma aplicação da injeção Composta.
Preocupadíssima logo preparou uma seringa e disse:
- Que vagabunda! Ganha uma fortuna e nem aplicou a injeção no pobre homem!


Quanto a mim, sempre não pude falar nada naquele quarto. Quando sarasse, preferia escrever e compor meus versos. Mas em atenção ao velho, eu murmurei algo para a enfermeira que saiu e não me ouviu.
“Aqui está frio. Eu estou com frio e o Nicanor também está com frio.”

Nem ela, nem ele me ouviram. Ninguém mais me dava atenção. Foi uma pena.

“Aqui está frio
E o Nicanor vai morrer
Não me causará arrepio
Quando ele falecer.”

“Não lhe deram remédio em líquido
Nem lhe deram remédio em pó
E nem quiseram me ouvir
Ao menos uma palavra só.”

“E assim morre Nicanor
De tanto tomar injeção
A ganância sem pudor
É de quem não têm coração.”

..

Eu Queria Falar Isso Pra Você

A impressão que sempre nos deu, é de que, quando alguma coisa dá errada, temos a nítida sensação de ter perdido algo. Pois; pode acreditar, perdemos mesmo. E a próxima sensação, tão logo imediata que o nosso subconsciente passa a reagir e ele próprio passa a admitir é de que temos a verdadeira vontade de xingar.
Xingar pra valer, colocar a culpa nos outros, brigar, chorar, encontrar alguém para nos defender com o nosso próprio argumento, sem se importar, se a culpa é nossa ou não, pois, uma demanda é algo que nunca pretendemos perder. Mesmo sabendo que estamos errados. Mas no nosso ímpeto, sempre pretendemos manter a mesma posição em que estamos. Subjetivando uma ação de puro orgulho, prepotência, IGNORÂNCIA, presunção, arrogância e muitas outras burrices que não saem, assim tão fácil da nossa mente.
E depois de passado um longo tempo, nós mesmos fazemos a seguinte pergunta: Porquê? Porquê aconteceu isso? Por que perdi isso? Ou aquilo? Aonde erramos? Será que a culpa foi minha? O que eu posso fazer para resolver?
Veja bem! São inúmeras perguntas que não encontramos respostas. Mas a necessidade, embutida com um monte de outros erros, nos fazem pensar que conseguiremos uma solução imediata. É puro engano. Dependendo do problema, algumas pouquíssimas coisas conseguimos resolver, e ainda assim não são definitivas. Outras coisas demoram muito, mas muito mais tempo do que pensamos que seja possível resolver. E outras virarão problemas ou então, “encargos” de que levaremos pelo resto da vida. Entenda que encargos não está relacionado à dívidas financeiras e muito menos a filhos(as).
Sejamos coerentes, pois nunca será possível, num “passe de mágica” recuperarmos as coisas que perdemos. Seja o que for. Temos que nos adaptar a uma nova realidade e aprendermos a viver de uma outra forma diferente.
Pessoas que vivem com rancores, mágoas e compaixões por qualquer tipo de perda, vive uma vida triste e mais difícil, e na maioria das vezes a tendência é piorar.
Precisamos ter sempre um apoio de alguém, pois não dá pra resolver as coisas sozinho e temos que nos apegar num ponto de partida, não importando quantas vezes teremos que recomeçar tudo de novo.
Pode ocorrer pela décima milésima vez uma falha no re-planejamento, mas na décima milésima primeira vez, pode ser que vá ser retomado o seu ponto de partida para reiniciar tudo de novo. O único problema que nós não aprendemos a aceitar é de que o ser humano tem pressa de ter as suas realizações e quando num determinado momento algo pode dar errado, a gente entra em desespero. E é um desperdício de energia, de tempo, de dinheiro “inclusive”, isso sem contar que, quando a gente precisa depender de alguém para nos ajudar a reorganizar as coisas, sempre aparece alguma(s) pessoa(s) que não é de confiança. Para ser mais exato: Pilantra, mentirosa, fingida, sem caráter, sem moral, sem sentimentos, sem escrúpulos, “vampiros”, que se aproveita(m) para arrebentar ainda mais a gente que se encontra em uma situação difícil, porque inocentemente tentamos acreditar em qualquer pessoa e esquecemos de acreditar no principal elemento que está envolvido neste processo.
Esta pessoa está no presente do singular da gramática da Língua Portuguesa: EU. Sem o “eu” funcionando, nenhum dos pronomes (tu, ele, nós vós eles) servirão o suficiente para nos dar ajuda. Mas não é uma regra geral. Apenas precisamos fortalecer o nosso EU, para que possamos traçar um novo, bonito e longo caminho, com a consciência de que iremos encontrar, com muita paciência, serenidade, perseverança, determinação, assim como a concentração de um filatelista, uma nova forma de tornar nossa vida mais bela e linda, encontrando na natureza, que nos foi deixada por Deus para admirá-la.
Apreciaremos o sol das manhãs, o canto dos pássaros, a fauna, a flora, uma forte chuva (do ponto de vista do espetáculo dado pelos relâmpagos e trovoadas), o vôo simples de uma colorida borboleta e depois de mais um dia ter dado certo, ao anoitecer admiraremos e escutaremos com atenção o som de um grilo, rangendo suas patas no jardim de nossas casas.
Paixão pela vida existe. Tanto na nossa como de nossas famílias, filhos, sobrinhos, netos, amigos verdadeiros, etc. Mas a principal paixão é pela nossa própria vida.
Concluindo: Somente o palhaço pode pintar o rosto pra viver!
..

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sons Onomatopéicos de um Bar

19h50min

Cof, cof, ....

20h00min

Tssssiiiiiiiiii

20h00min01sec

Glub, glub, glub ...

20h15min

Tssssiiiiiiiiii

20h15min01sec

Glub, glub, glub ...

20h25min

Tssssiiiiiiiiii

20h25min01sec

Glub, glub, glub ...

20h37min

Tssiiiiii, Tssiiiiii, Tssiiiiii

20h37min03sec

Êeehh! Êeehh! Êeehh! ….Glub, glub, glub ...

21h00min

Tssiii, Tssiii, Tssiii… Êeehh! Êeehh! .Glub, glub, glub…

21h23min

Tssiii … Êeehh! Êeehh! Êeehh! … Glub, glub ... Burp!

21h32min

Tssiii … Êeh! Êeh! Êeh!… Glub, glub ... Hic!

21h42min

Tssiii … Êeh! Êeh! Êeh!… Glub, glub ... Hic! Hic!

21h55min

Tssiii … Êeeehhh!, Glub... Hic! Hic! .. Cof! Cof! Cof! …

22h15min

Tssiii … Êh! Êh!… Glub, glub ... Buuuuurp, Hic! Hic!

22h38min

Tssiiiiii, Tssiiiiii … Êh! … Glub … Buuurp!, Cof!, Hic!

22h51min

Buuuuuuuuuurp!, Tssiiiiii … Hic! Hic! Hic!

22h53min

Eaaaaaaaaaaagggggggggluuuuuuuuu !!!! Buuurp!

23h04min

Tssiiiiii … Hic! Hic! Hic! Hic! Burp!

23h04min04sec

Hic! Hic! Hic! Hic! Hic! Hic! Hic! Hic! Hic! …

23h07min

Eaaaaaaaaaaagggggggggluuuuuuuuu !!!! Buuuuuuurp!

23h15min

Tssiiii … Eaaaaagggggluuuuu !!!! Buuuurp!

23h45min

Plaaaaft! Hiiii !!!??? Óóóóóóó!!!! Áááááiiiiii!!! … ui…

23h58min

Zzzzz… Zzzzz… Rooncc… Zzzz… Ronc Zzz …

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Você Aprende

Você aprende
Depois de algum tempo você aprende a diferença
A sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma
E você aprende que amar não significa apoiar-se
E que companhia nem sempre significa segurança
E começa a aprender que beijos não são contratos
E presentes não são promessas
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida
E os olhos adiante, com a graça de um adulto
E, não com a tristeza de uma criança
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje
Porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos
E o futuro tem o costume de cair em meio ao vão
Depois de um tempo, você aprende que o sol queima
Se ficar exposto por muito tempo
E aprende que não importa o quanto você se importe
Algumas pessoas simplesmente não se importam
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa
Ela vai feri-lo de vez em quando
E você precisa perdoá-la por isso
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais
Descobre que se leva anos para se construir confiança
E apenas segundos para destruí-la
E que você pode fazer coisas em um instante
Das quais se arrependerá pelo resto da vida
Aprende que verdadeiras amizades
Continuam a crescer mesmo a longas distancias
E o que importa não é o que você tem na vida
Mas quem você tem na vida
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher
Aprende que não temos que mudar de amigos
Se compreendermos que os amigos mudam
Percebe que o seu melhor amigo e você
Podem fazer qualquer coisa, ou nada
E terem bons momentos juntos
Descobre que as pessoas com que você mais se importa na vida
São tomadas de você muito depressa
Por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos
Com palavras amorosas.
Pode ser a última vez que as vejamos
Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós
Mas nós somos responsáveis por nós mesmos
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros
Mas com o melhor que pode ser
Descobre que se leva muito tempo
Para se tornar a pessoa que quer ser
Que o tempo é curto
Aprende que não importa aonde já chegou, mas onde está indo
Mas se você não sabe onde está indo, qualquer lugar serve
Aprende que, ou você controla os seus atos, ou eles o controlarão
E que ser flexível, não significa ser fraco ou não ter personalidade
Pois não importa quando ele cabe, frágil seja uma situação
Pois existem dois lados
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer
Enfrentando as conseqüências
Aprende que paciência requer muita prática
Descobre que algumas vezes
A pessoa que você espera que o chute quando você cai
É uma das poucas que o ajudam a levantar-se
Aprende que maturidade
Tem mais a ver com os tipos de experiências que se teve
E o que você aprendeu com elas
Do que com quantos aniversários, você celebrou
Aprende que a mais os seus pais em você do que você supunha
Aprende que nunca deve se a dizer uma criança
Que sonhos são bobagens
Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia
Se ela acreditasse nisso
Aprende que quando está com raiva, tem o direito de estar com raiva
Mas isso não a você dá o direito de ser cruel
Descobre que só por que alguém não o ama do jeito que você quer que ame
Não significa que esse alguém não o ama
Com tudo que pode, pois existem pessoas que nos amam
Mas simplesmente, não sabem como demonstrar ou viver isso
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém
Algumas vezes você tem de aprender a perdoar-se a si mesmo
Aprende que com a mesma severidade com que julga
Você será em algum momento condenado
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido
O mundo não para que você o conserte
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás
Portanto, plante o seu jardim e decore sua alma
Em vez de esperar que alguém, lhe traga flores
E você aprende que realmente pode suportar
Que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe
Depois de pensar que não se pode mais
E que realmente a vida tem valor
E que você tem valor diante da vida
Nossas dádivas são feitoras
E nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar
Se não fosse o medo de tentar.

Willian Shakespeare
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