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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Andar de ônibus é melhor do que ver TV

Já reparou que ao andar de ônibus, você vê coisas bem mais interessantes do que vê na televisão?
É incrível né? Porque hoje em dia a televisão está com uma programação chata, coisas repetitivas, noticiário desagradável (quase sempre), etc.
No ônibus não. Cada dia tem uma coisa diferente acontecendo. E olha que não dá nem pra relatar tudo aqui, senão este texto ficaria hiper extenso
e quase infindável, mas vou tentar escrever várias coisas que já vi, pelo menos da maioria que eu conseguir me lembrar.
Antes de começar vou explicar porque me deu vontade de escrever sobre isso. Num belo dia, cheguei bem cedo ao escritório e vi um recado em cima da minha mesa: “Leve esses contratos para o Dr. Marcelo assinar. O dinheiro do táxi está na segunda gaveta”. Coloquei os contratos num envelope e ao abrir a gaveta vi que tinha em R$ 70,00 em dinheiro. Pensei: “Caramba! Pra que tanto dinheiro, só pra levar uns papéis pro advogado assinar?” Achei então, que aqueles documentos eram de vital importância, por isso a secretária me deixou “tanto dinheiro”. Como todo mundo na vida já foi um “Office-boy”, eu ainda pensei se deveria ou não tomar um táxi. Fiquei com medo de pegar um ônibus pra economizar no transporte e “dar um chute” no dinheiro do escritório. Depois que tomei um café, refleti melhor e decidi. “Vou de táxi, mesmo. Se der pra matar uns R$ 20,00 “Tá limpo””.
Fui pra rua com meu envelope aguardar um táxi bem próximo a um ponto de ônibus. Eu estava em uma avenida bem movimentada e a corrida do táxi, se não houvesse trânsito, levaria em média 40 minutos. Não demorou nem cinco minutos e já vinha um táxi se aproximando. Dei o sinal e quando ele parou um sujeito de terno marrom e óculos escuros, praticamente me empurrou e entrou no táxi, antes de mim. Não sei até hoje se ele deu sinal ou me “assaltou” o táxi que me levaria até a advocacia. Fiquei com raiva daquele sujeito e tive que ficar aguardando o próximo. Mais alguns minutos e lá vinha outro táxi. Só que estava ocupado. Passou mais dois em seguida, também ocupados. Quando passou mais um, assim que dei sinal uma senhora bastante idosa cutucou nas minhas costas dizendo: “Me deixa pegar esse táxi aí, meu filho. A vovó tá muito doente. Eu tenho uma consulta marcada e vou chegar atrasada na consulta, e os meus remédios estão acabando, e o médico disse pra eu tomar dois comprimidos, e eu só tenho mais um, e a minha perna está doendo, e blá, blá, blá.” Eu até abri a porta e pus a senhorinha dentro do carro e decidi. Vou de “Busão”.
Vinha passando um ônibus que servia pra mim, dei sinal e entrei, aliás, me empurraram pra dentro do ônibus. De manhã é sempre assim. Até você chegar à catraca pelo menos umas vinte ou mais pessoas vão te empurrando. Parecemos bois andando em fileira rumo ao matadouro. E as pessoas te apertam, empurram, pisam no seu pé. O sovaco de um esfregando no outro. É um inferno. Naqueles bancos da frente reservados para idosos, gestantes, deficientes ou pessoas com crianças de colo, sempre estão ocupados com qualquer pessoa. Quando sobe um idoso, por exemplo, o sujeito que está sentado em um dos bancos reservados, finge que está dormindo. Pode reparar. Antes de você chega à catraca para pagar a tarifa dá pra ouvir diversos tipos de assunto. Uns falando de novela, outros de futebol, noticiários, filmes, propagandas, etc.
Legal, é quando o jogo da noite anterior é comentado, como se fosse a coisa mais importante pra ser discutida dentro do ônibus. Um diz para o outro: “Aquele Pênalti, foi roubado!” E o outro diz: “Não porque o jogador antes de cair na área estava impedido”. Alguém (mesmo desconhecido) entra no meio do assunto: “O bandeirinha roubou”. “Levantou a flanela antes do tempo”. E a pessoa vira pra você e pergunta: “Na sua opinião foi Pênalti, ou não foi?” Você fica sem saber o que responder, porquê como é que você vai contrariar a opinião alheia e de um desconhecido?. E o mais engraçado é que, você nem precisa acompanhar a tabela do campeonato, pois têm sempre uma pessoa dentro do ônibus que soma os pontos e fala que se o time “A” empatar com o time “B” e o time “C” perder por dois gols de diferença o time “D” é eliminado e não vai ter jogo de volta na casa do adversário. E na repescagem a vantagem é do time da casa e na próxima rodada o jogo vai ser na altitude. Qual jogo que será televisionado. Tá vendo! Ninguém se perde e nem deixa de entender de futebol. Não fica desatualizado e até fica sabendo das novas contratações e patrocínios dos clubes, se estiver dentro de um ônibus. É muito divertido.
Quando o assunto é novela, muda um pouco o foco. Cada novela no seu começo é difícil de entender. Principalmente se você estiver ouvindo alguém contando dentro de um ônibus. As pessoas costumam confundir os personagens. Misturam com novelas anteriores ou então, confundem com os personagens de outras novelas que passam em horários diferentes. É uma bagunça. Mas isso é normal. Quando a novela já está no meio da estória aí começam a ficar interessantes os comentários dentro do ônibus. As especulações começam a surgir e alguém sempre diz: “Eu acho que fulano vai matar cicrano pra ficar com a mulher dele”. Outra pessoa diz: “Você vai ver”. “Antes de acabar a novela, eles vão descobrir quem é o assassino”. Outra pessoa ainda diz: “Também se a novela acabar assim, não vai ter graça”. Ou então: “Eu acho que ela vai largar dele pra fugir com o motorista”. E nisso tudo, quem sai ganhando são as emissoras e os patrocinadores que empurram nos comerciais tudo que a gente compra mais caro nos mercados. Filmes bons raramente passam na TV, mas o pessoal da “Gatonet” sempre tem algum pra contar dentro do ônibus como se fosse uma novidade ou exclusividade. Às vezes a pessoa conta o filme inteiro durante a viagem do ônibus. Então, vai aí minha dica: Fique colado nesse cara pra ouvir o filme todo, pois eu sei que tem gente que contam um filme inteirinho e direitinho sem pular nenhuma parte. Você irá economiza tempo pra caramba fazendo outras coisas, caso você estude no período noturno, por exemplo. E o noticiário continua sempre o mesmo. “Formatadinho” conforme a conveniência dos fatos.
De resto, nos ônibus têm ainda centenas de coisas que como eu disse, não dá pra escrever aqui por que senão, haja saco pra escrever tudo e também pode acelerar uma tendinite desnecessária em mim.
Quando faltava um ponto para eu descer já tinha escutado tanta conversa que pensei: “Valeu a pena. Matei uma grana legal do escritório e já me atualizei com tudo o que se passa na TV”. Apertei o botão da campainha para descer no próximo ponto e depois de andar apenas um quarteirão, cheguei ao escritório do Dr. Marcelo.
Quando cheguei de volta ao escritório, a secretária perguntou se tudo havia dado certo. Respondi que sim. Os contratos estavam assinados e as cópias protocoladas seriam enviadas pelo correio posteriormente, depois de ser reconhecido firma das assinaturas. Ela me perguntou quanto tinha custado a ida e a volta do táxi. Gelei e disse: R$ 65,80. Ela perguntou se eu havia pegado os recibos. Gelei mais um pouco e disse que não. Ela fez uma cara de que não acreditava em mim, mas disse pra eu preencher o formulário de despesas para ser contabilizado no caixa da empresa. Mais do que depressa a atendi prontamente. Perguntei ainda sobre o troco e ela me disse pra eu ir tomar um lanche. Nem precisei devolver os R$ 4,20. Quando eu ia saindo a secretária me chamou e me disse: “Hoje em dia está muito perigoso andar pelas ruas” “O Chefe deu o dinheiro do táxi, porque ele achou mais seguro”. “Parabéns ele vai orgulhar-se de você”.
Saí da sala dela sem acreditar no que tinha ouvido. Fiquei com quase toda a grana do táxi, economizei um dinheirão, dei um chute na empresa, ela nem percebeu e ainda me deu os parabéns! Beleza! Saí da sala dela em estado de euforia.
Acabou o expediente. Fui embora pra casa e fiquei pensando no que eu iria comprar com a grana que ganhei neste dia. Ao chegar em casa assim que cumprimentei minha família vi no noticiário da TV uma reportagem sobre uma pessoa de terno marrom e óculos escuros que acabava de ser preso pela polícia, após praticar um seqüestro relâmpago em um taxista. A repórter relatava a notícia: “O criminoso estava sendo perseguido a vários meses e atacava os taxistas mesmo com passageiros no interior dos veículos. Caso você tenha sido vítima desse criminoso entre em contato com a delegacia do bairro ...” Nem prestei mais atenção no noticiário, mas lembrei-me dele de manhã e da secretária que havia dito ser perigoso andar pelas ruas. É verdade, mas hoje fui salvo pelo “Busão” e aquela senhorinha que pegou o quinto táxi que eu esperei, depois que o criminoso já estava a vários quarteirões adiante.
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